TÃO FÁCIL QUANTO TIRAR A CAMISA DO CABIDE E TÃO COMPLEXO QUANTO OPERAR EM COLETIVO
"Tão fácil quanto tirar a camisa do cabide e tão complexo quanto operar em coletivo" é um conjunto de três performances pensadas a partir da construção de objetos-vestíveis que remetem a camisa social. A camisa social, elemento bastante recorrente na trajetória do Coletivo UN, tem uma relação bastante importante com a ideia de adequação e adaptação estética, no sentido de que é um elemento frequentemente utilizado para unificar, tornar padrão. "Vestir-se para o social" soa como uma proposição para que se suprimam as expressões de individualidade e subjetividade a partir das vestes para que o indivíduo se adeque em um campo comum, falsamente homogêneo. Existe um quê de unicidade que essa peça social sugere, tensionando e moldando o indivíduo ali vestido. Em cada uma das três ações, os artistas experimentam um conjunto diferente destes objetos-vestíveis, nos quais o distanciamento entre os corpos vai cada vez mais se estreitando - existindo apenas pela dimensão que a própria matéria das camisas permite. Estabelecendo relações de simbiose e colaboração, essa poética serve para pensar a partir de três cabeças - ou três corpos? - que buscam coexistir de forma sensível através da exploração dos limites e possibilidades de movimentos, formas, distanciamentos e acordos. Ainda, em busca de equilíbrio, os três corpos, conectados, movimentam-se enquanto um só, e as camisas se tornam objetos que recobrem esses corpos para uma experimentação que é metáfora para as relações interpessoais.
Registro por Gabriela da Cunha.